Fala de Trump sobre o Brasil deveria acender luz amarela!

É necessário saber se Trump falou apenas sobre tarifas. Também podem existir outras razões.

O Brasil tem 3 grandes parceiros comerciais: a China, que compra principalmente produtos básicos,  e Estados Unidos e Argentina, que são os grandes compradores de manufaturados brasileiros. Para a Argentina os manufaturados chegam a 80% do total.
Por isso o pronunciamento de Trump sobre o Brasil é preocupante, uma vez que a Argentina encontra-se em grave crise econômica que já provoca consequências negativas sobre as exportações brasileiras.
Como acaba de ser divulgado pela SECEX do MDIC, no mês de setembro as exportações para a Argentina caíram 31,85, uma queda muito contundente e que sinaliza tendência de redução também para os próximos meses. Foram particularmente afetadas as vendas de  automóveis e autopeças, veículos de carga e tratores, ou seja, exatamente o segmento detentor de maior participação em nosso intercâmbio com a Argentina.
É imprescindível entender as razões da crítica efetuada pelo presidente norte-americano, antes da aplicação de novas barreiras. Ao que tudo indica, o pronunciamento decorre de queixas apresentadas por exportadores daquele país que enfrentam tarifas elevadas nas vendas ao Brasil e até mesmo dificuldades de natureza burocrática.
O Brasil não possui uma tarifa aduaneira própria. Praticamos a TEC - Tarifa Externa Comum do Mercosul, ou seja, praticamos as mesmas tarifas praticadas pela Argentina, Paraguai e Uruguai. Em alguns casos, como automóveis por exemplo, a TEC está no teto permitido pela OMC (35%), o que certamente incomoda muito os norte-americanos. Mas também não podem ser descartadas a aplicação de direitos anti-dumping, controles de natureza sanitária e fito-sanitária e a burocracia ainda existente no processamento de importações, ainda que os órgãos de controle brasileiros tenham se esforçado para reduzir burocracia. Muito recentemente, SECEX, Receita Federal e Anvisa anunciaram modernização e ajustes de sistemas com vistas a simplificar o processo de importações.
Em breve saberemos com mais detalhes as verdadeiras causas da reclamação. Mas, quaisquer que sejam os motivos, é imprescindível buscar soluções negociadas antes da aplicação de medidas protecionistas. Diante da redução das vendas de manufaturados para a Argentina, temos apenas os Estados Unidos como grande comprador de nossos manufaturados. Caso os EUA venham a colocar barreiras,  teremos um quadro bastante negativo em 2019, com redução das exportações de manufaturados e consequente queda da qualidade de nossa pauta de exportação.
Ivan Ramalho.

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