A Exportação e o Emprego

Esforço redobrado na promoção comercial de produtos manufaturados pode atenuar o desemprego e reduzir os efeitos perversos da guerra comercial em nossa economia.

Até agosto, as exportações brasileiras alcançaram US$ 159 bilhões, contra importações de US$ 121 bilhões. Restando apenas 3 meses para o término do ano o comportamento das exportações é satisfatório, com crescimento da ordem de 8%, ou seja, superior às mais otimistas previsões para o crescimento do comércio mundial neste ano. Seguramente o superávit comercial não será inferior a US$ 50 bilhões, com o comércio exterior voltando a dar contribuição expressiva para o fechamento do balanço de pagamentos do país.
Entretanto, prosseguimos registrando um ponto preocupante que é a baixa participação de produtos manufaturados em nossa pauta de exportação. No acumulado do ano as exportações de produtos manufaturados, embora crescendo 10%, alcançaram US$ 58 bilhões, valor que corresponde a apenas 36% do total das exportações. Continuam majoritários os produtos básicos,  tais como soja em grão,  minério de ferro e petróleo.
A produção e a exportação de produtos manufaturados demandam sempre elevados investimentos, proporcionam avanços tecnológicos expressivos e incluem vários setores intensivos em mão de obra, tais como automóveis e autopeças, ônibus, aviões, bens de capital, calçados, confecções, motores, geradores, máquinas para terraplanagem,  produtos elétricos e eletrônicos, químicos e plásticos, dentre outros.
Alguns destes setores, como confecções, calçados, químicos e até mesmo o automotivo, cujo produto final envolve grande número de fabricantes,  já estão presentes e gerando emprego em todas as cinco regiões do Brasil.
A América do Sul continua sendo um dos principais destinos das exportações brasileiras: alcançaram US$ 24,7 bilhões até agosto. Mas com uma notável diferença em relação às demais regiões do mundo: para os países sul-americanos prevalecem os produtos manufaturados, de maior valor agregado.
É grande o número de países sul-americanos com  potencial para ampliar a compra de produtos manufaturados brasileiros, dentre os quais já se destacam a Argentina e o Chile, nossos principais parceiros na região.
Em muitos é grande a participação de manufaturados de origem asiática, principalmente chineses, que não contam com as vantagens que temos por estarmos tão próximos, portanto com facilidades logísticas, sem a barreira do idioma, já que atualmente todos os traders brasileiros dominam o espanhol, e principalmente por já contarmos com acordos no âmbito do Mercosul que abrangem praticamente todos os países sul-americanos e estabelecem expressiva redução ou até mesmo total isenção de tarifas de importação para extensa gama de produtos.
Neste momento em que vivenciamos uma guerra comercial entre grandes potencias mundiais, que provocará nos próximos anos graves consequências em economias em desenvolvimento, como demonstra recente relatório da ONU, uma sensível atenuante pode ser buscada no aumento das exportações de produtos manufaturados, especialmente os intensivos em mão de obra, mediante um esforço redobrado de promoção comercial principalmente do Itamaraty e da Apex em nossos vizinhos da América do Sul.
Ivan Ramalho - 26/09/2018



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