A Argentina na nossa Balança Comercial

O resultado de abril recomenda diálogo permanente e colaborativo com a Argentina

Nesta semana foi divulgado o resultado da Balança Comercial brasileira do mês de abril, que apresentou alguns recordes muito importantes e expressivo superávit, superior a US$ 10 bilhões. O crescimento das exportações foi da ordem de 50%, chegando a US$ 26 bilhões.
O crescimento registrado pelo nosso comércio exterior deve-se a diferentes razões: aumento das quantidades exportadas para diferentes regiões do mundo e aumentos expressivos de preços em algumas categorias de produtos. Foi expressivo o crescimento para nossos principais parceiros comerciais, como a China (mais 55%), os Estados Unidos (mais 33%) e a Argentina, que registrou o maior crescimento, da ordem de 88%.
Esse grande crescimento para a Argentina é particularmente importante devido a características específicas da nossa relação comercial. A primeira delas, seguramente a mais importante, é a qualidade da pauta de nossas exportações, que inclui majoritariamente produtos manufaturados, de maior valor agregado. Cerca de 90% de nossas vendas para a Argentina continuam sendo de produtos industrializados, ou seja, produtos de nossa indústria que vive atualmente um momento difícil no mercado interno. 
Em 2020 a indústria brasileira registrou uma queda da ordem de 4,5% em sua produção e em 2021 não apresenta sinais de melhora: com queda de 2,4% em março, o primeiro trimestre ficou negativo em 0,4%.
Nesta fase em que a pandemia nos impõe altos níveis de desemprego, é importante considerar que a maioria de nossas exportações para a Argentina é efetuada por setores indústriais intensivos na contratação de mão-de-obra, tais como o automotivo, autopeças, têxteis e confecções, calçados, máquinas e equipamentos, dentre outros.
Por outro lado, ao considerarmos que o Brasil precisa diversificar a sua pauta de exportações, reduzindo a dependência de alguns poucos produtos da indústria extrativa e agropecuária, vale lembrar que a Argentina, por pertencer ao Mercosul e também devido a outros fatores, como proximidade, facilidade do idioma, padrões de consumo, dentre outros, é muitas vezes o primeiro passo para empresas brasileiras que buscam o mercado externo.
Em resumo, o grande crescimento de nossas vendas para a Argentina em abril mostra mais uma vez a importância desse país para o nosso comércio exterior e certamente para a manutenção de muitos empregos na nossa indústria, o que torna mais uma vez recomendável que o Brasil mantenha diálogo pragmático, permanente e acima de tudo colaborativo com nossos vizinhos.
Ivan Ramalho

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