Exportação e Competitividade - Argentina, ainda a principal parceira do Brasil na América do Sul

Exportação e Competitividade - Argentina, ainda a principal parceira do Brasil na A.do Sul.
Ivan Ramalho - 05/09/2018

Nos oito primeiros meses deste ano as exportações brasileiras alcançaram US$ 159 bilhões, valor que corresponde a um crescimento da ordem de 8% em relação ao mesmo período de 2017.  Em um ano em que o comércio internacional enfrenta sérios problemas, principalmente em virtude de medidas protecionistas adotadas pelo governo dos Estados Unidos, este pode ser considerado um desempenho bastante satisfatório.
Como as importações somaram US$ 146 bilhões, o superávit comercial já é de US$ 33 bilhões, resultado que vai contribuir de forma expressiva para o fechamento do nosso Balanço de Pagamentos.
Os valores acumulados até agora demonstram que o Brasil continua com um nível de diversificação bastante razoável no comércio exterior. Os três principais parceiros comerciais (China, Estados Unidos e Argentina) estão situados em diferentes regiões e as exportações brasileiras apresentaram crescimento para todos, cabendo destacar o crescimento para a Argentina, da ordem de 17%, ou seja, bastante acima da média de crescimento das vendas para o resto do mundo.
Mais importante ainda é que a Argentina continua sendo a principal compradora de nossos produtos manufaturados.  O Brasil vendeu mais e a qualidade do comércio brasileiro com a Argentina, formado majoritariamente por produtos manufaturados, de alto valor agregado,  é bastante superior ao que conseguimos com outros países. Em resumo, o Brasil consegue um excelente resultado, com notável qualidade de pauta, mesmo em um ano no qual a economia argentina enfrenta uma forte crise.
Na América do Sul o Brasil já registra uma severa redução no comércio com a Venezuela, em virtude da  grave crise econômica daquele país. Vale lembrar  que na década passada registramos grande superávits comerciais com a Venezuela, então um de nossos principais parceiros comerciais.
Por isso é agora muito importante que o Brasil passe a olhar com redobrada atenção o comércio bilateral com a Argentina, cuja crise poderá nos levar a perder, ainda que parcialmente, um dos nossos principais mercados.
As exportações brasileiras registraram grande crescimento para a Argentina e com isso o superávit favorável ao Brasil está muito elevado, já superando US$ 4 bilhões. Comércio exterior é via de mão dupla e neste momento de grave crise não é razoável que o Brasil busque manter desequilíbrio tão acentuado.
É bastante confortável a situação brasileira demonstrada acima, com elevado superávit comercial e grande volume de reservas cambiais. Diante disso, aqueles que acreditam no comércio exterior como projeto de longo prazo, especialmente na integração latino-americana, certamente concordarão que nesta fase o Brasil pode procurar elevar as importações da Argentina, buscando equilibrar a corrente de comércio pelo caminho da ampliação das compras.
Com isso, estaremos dando contribuição importante para a Argentina neste momento e tornando possível que nossos produtos,  de alto valor agregado e fabricados aqui por setores intensivos em mão-de-obra, como automotivo, máquinas e equipamentos, têxteis, calçados, brinquedos, dentre outros, continuem sendo comercializados no nosso principal parceiro sul-americano.

Comentários

  1. Interessante pensar no comércio como uma relação de mão dupla onde não se deve apenas focar em exportar, mas também avaliar nichos de produtos que valem a pena ser importados.

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