Guerra comercial - como enfrentar as consequências?

Entre janeiro e agosto deste ano as exportações brasileiras alcançaram US$ 159 bilhões, um crescimento da ordem de 8% se comparado ao mesmo período de 2017, cuja soma foi de US$ 146 bilhões.
Trata-se de um resultado bastante satisfatório, principalmente se considerarmos que o comércio internacional neste ano enfrenta uma de suas mais graves crises em virtude de uma série de medidas protecionistas adotadas pelo governo dos Estados Unidos e que acabaram por promover uma verdadeira guerra comercial. De modo geral, os países atingidos por essas medidas estão respondendo com retaliações contra produtos norte-americanos, incluindo barreiras tarifárias e até mesmo administrativas, o que só agrava o quadro de confrontação.
O Brasil não estará imune às consequências dessas medidas, que têm potencial para prejudicar nosso comércio com os Estados Unidos, com a China e também com outros países e regiões.
Mas podemos nos proteger  redobrando nossa atenção para o comércio que temos aqui mesmo na América do Sul, em função de diferentes fatores.
O primeiro deles é que já temos no Mercosul diversos acordos de redução tarifária, com praticamente todos os países sul-americanos. São muitos países, que somam expressivo mercado consumidor, e esses acordos estabelecem expressiva vantagem comparativa  para os produtos brasileiros, especialmente os manufaturados. Aqui vale lembrar que o Brasil é o país mais industrializado da região e portanto com plenas condições de fornecer ampla gama de manufaturados aos nossos vizinhos.
Além disso somos beneficiados pela proximidade geográfica, por facilidades logísticas e até mesmo pelo idioma espanhol, hoje dominado por praticamente todos os traders brasileiros.
Este é certamente o momento mais adequado para uma mudança de atitude. Podemos adotar tratamento pragmático no comércio com os países sul-americanos, sem preocupações ideológicas, com empenho ainda maior em negociações que permitam a eliminação das muitas barreiras administrativas, tarifárias e sanitárias,  dentre outras que muito prejudicam o desenvolvimento do comércio.
Será também imprescindível uma ênfase na promoção comercial,  todavia aliada a uma maior facilidade nos processos brasileiros de importação, de forma a permitir crescimento também das importações e evitar que sejam ainda mais acentuados os desequilíbrios já existentes, decorrentes de superávits comerciais que o Brasil já mantém com muitos dos países sul-americanos.
Uma nova atitude brasileira certamente será percebida e apoiada por nossos vizinhos, hoje também muito preocupados com as consequências do quadro atual, e poderá ensejar um novo ciclo de crescimento do comércio com amplos benefícios em toda a América do Sul.
Ivan Ramalho - 10/09/2018

Comentários

  1. A aproximação do Brasil com os vizinhos é uma ótima oportunidade para retomada do crescimento!

    Conforme destacado, não podemos negligenciar o potencial de consumo dos nossos vizinhos e aproveitar a possibilidade de consumir produtos que nossos vizinhos produzem para gerar riqueza na região.

    Tenho a sensação de que podemos aumentar o patamar de comércio com países como a Colômbia ou o Chile (que não fazem parte do grupo "duro" do Mercosul) e aproveitar o seu bom desempenho econômico!

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  2. Sem dúvida, esses pontos levantados no texto são oportunidades que existem e que devem orientar as políticas públicas de comércio exterior.

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