Diversificar Exportações na América Latina

Não é razoável que setores exportadores pretendam compensar a queda das exportações para a Argentina buscando ampliar as vendas internas. Poderiam buscar novos mercados aqui mesmo na América Latina.

A Argentina enfrenta mais uma severa crise econômica e reduziu significativamente suas importações. O Brasil, maior parceiro e fornecedor,  registrou queda bastante acentuada nas vendas para nossa vizinha no primeiro semestre. Segundo divulgado pela SECEX, as exportações brasileiras somaram apenas US$ 5,1 bilhões, registrando uma expressiva redução de cerca de 41%.
O segmento mais atingido foi o automotivo, setor que destina mais de 50% de suas exportações para a Argentina. Mas outros produtores de manufaturados foram também prejudicados, tais como calçados, confecções, bens de capital, autopeças, dentre outros.
O fato da Argentina ser um dos maiores compradores de produtos manufaturados brasileiros deveria levar a uma indagação bastante simples: por que só esse país na América Latina continua sendo o grande comprador de nossos manufaturados? Em praticamente todos os outros estão presentes as mesmas condições, ou seja, países igualmente muito próximos e com as mesmas facilidades logísticas, também importadores de manufaturados, o mesmo idioma certamente dominado por nossos traders  e, principalmente, os acordos bilaterais e do Mercosul que isentam do pagamento de impostos a grande maioria de nossos produtos, inclusive nas vendas aos associados da costa do Pacífico, ou seja, dando-lhes condições bastante competitivas.
Foi grande o esforço de negociadores de vários países, inclusive de diplomatas brasileiros, para fechar e ampliar acordos que possibilitassem redução de tarifas e facilidades administrativas na América Latina. Também a Apex já realiza amplo trabalho de promoção comercial em muitos países latino-americanos.
Mas parece que nossos exportadores de manufaturados ainda não compreenderam  a importância dos nossos países vizinhos, alguns inclusive registrando crescimento de suas economias e das importações.
Essa seria a única maneira de passarmos a ser menos dependentes do mercado argentino, que frequentemente registra fortes oscilações. Daí não ser razoável que alguns segmentos exportadores pretendam compensar a queda das exportações para a Argentina buscando ampliar as vendas no mercado interno brasileiro,  quando temos tantos outros mercados que poderiam ser melhor explorados.
Ivan Ramalho

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